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Maria Montessori acreditava que nosso intelecto e conhecimento de mundo têm seus inícios nos sentidos. Como seres humanos, somos todos sensoriais – absorvendo nosso conhecimento sobre o mundo através da visão, audição, tato, olfato e paladar. Por meio dos nossos sentidos, coletamos as informações necessárias e estimulamos nosso desenvolvimento e criatividade.
Para Montessori, os sentidos, sendo exploradores do mundo, abrem o caminho para o conhecimento. No entanto, a percepção sensorial de um adulto é diferente da percepção sensorial de uma criança. De forma peculiar, as crianças têm uma sensibilidade especial para absorver informação através de seus sentidos.
O desenvolvimento da aprendizagem sensorial
Maria Montessori não foi a primeira educadora a entender a importância dos sentidos no desenvolvimento das crianças. Ela foi influenciada pelo trabalho de Édouard Séguin, um médico e educador francês que se especializou em trabalhar com crianças mentalmente deficientes e desenvolveu uma série de exercícios que ajudaram a aprimorar os sentidos das crianças e a ensinar-lhes habilidades práticas para a vida.
Rousseau e Pestalozzi, em seus respectivos trabalhos, também enfatizaram a importância do desenvolvimento dos sentidos na educação. Robert Baden Powell, fundador do Movimento Escotismo e contemporâneo de Montessori, disse que as crianças precisavam ter experiências com as coisas e tocá-las para aprender. Essa foi a base de sua teoria de “aprender fazendo”.
Maria Montessori iniciou sua carreira com crianças que eram privadas de estimulação sensorial e, muito cedo, observou que o desenvolvimento infantil era potencializado quando tal estimulação era fornecida. Com base nessas observações, Montessori começou a desenvolver seu próprio conjunto de materiais que ela chamou de “Educação sensorial”.
A educação sensorial ajuda a desenvolver o intelecto da criança. Atividades sensoriais incluem o uso das mãos, dos sentidos e de ações espontânea da criança. Os materiais de Montessori para idades entre 2 e 6 anos, período em que o sistema nervoso está se desenvolvendo, são projetados para ajudar a mente da criança a adquirir as habilidades necessárias para o aprendizado intelectual posterior.
A educação sensorial é usada para explorar a mente da criança desde os primeiros 3 anos de vida. Para a criança nesta faixa etária, as informações neste momento são um mar de impressões em suas mentes inconscientes. Quando a criança se desenvolve mais, a mente jovem torna-se consciente dos conceitos de tamanho, cor, peso, quantidade e assim por diante. A abordagem sensorial de Montessori ajuda a criança a categorizar e usar sua vasta quantidade de conhecimento subconsciente em seu entorno. A autora considera isso como uma chave que abre a porta da mente.
Montessori observou que as tendências humanas – como a necessidade de ordem, exatidão, autocorreção e reflexão – eram os atributos necessários para que as crianças se desenvolvessem de uma maneira real e natural. Ela trabalhou para ampliar o interesse da criança com uma coleção de materiais que permitissem que a criança satisfizesse essas necessidades, e ela desenvolveu materiais atraentes para cada um dos sentidos, que ela mesma admitiu não serem “fáceis”. Montessori trabalhou para destacar certas qualidades dos materiais, tais como cor, tamanho, forma, etc., para ajudar a criança a refinar o sentido com o qual trabalhava, classificando cada conjunto de experiências. O propósito do método montessoriano não é desenvolver somente materiais para aguçar os sentidos da criança, mas para permitir que ela use seus sentidos para entender o que vê.