Montessori e matemática: como é o ensino?

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Já exploramos aqui no blog a conexão que existe entre a metodologia montessoriana e a memorização, bem como a valorização da música na escola Montessori. Agora, decidimos dedicar um artigo à relação entre Montessori e matemática!

Sabemos que as Ciências Exatas, sua prática e aprendizagem, são um grande desafio para a educação brasileira, justamente pela ênfase no ensino teórico. No entanto, Maria Montessori desenvolveu inúmeras abordagens e materiais para criar experiências e despertar o interesse dos pequenos pelos números de maneira concreta e natural.

Continue lendo para descobrir como a escola Montessori trabalha a matemática!

O ensino do abstrato por meio do concreto

Como você já deve saber, a metodologia montessoriana foca no desenvolvimento infantil holístico, enfatizando a aprendizagem por meio de experiências concretas, e não somente por meio de teorias, como ocorre na escola tradicional.

Maria Montessori foi revolucionária para sua época justamente porque propôs um aprendizado construído a partir da vivência do mundo real. Numa sala de aula montessoriana, portanto, pesos, medidas, quantidades e demais conceitos matemáticos são trabalhados com o auxílio de materiais e recursos tangíveis, que vão se tornando mais complexos à medida que a criança vai aguçando seu raciocínio lógico e pensamento abstrato.

Esses materiais, chamados de multissensoriais, estabelecem uma ligação entre situações matemáticas, objetos e movimentos. Ao manipular os blocos, cubos, barras e placas, as crianças vão entendendo formatos, quantidades, tamanhos e proporções.

Exemplos desses materiais são os encaixes sólidos, as fichas, as barras e os blocos de montar. Vamos, agora, aprender um pouco mais sobre cada um deles.

1. Os encaixes sólidos

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Os encaixes sólidos englobam quatro blocos retangulares de madeira que vão escalando em tamanho. Cada um  traz uma sequência crescente de cavidades e de cilindros correspondentes. Cada cilindro deve ser encaixado em seu devido espaço no bloco.

Há somente um cilindro para cada cavidade, de maneira que a criança não poderá prosseguir no exercício se encaixar uma peça de forma inadequada.

Esse tipo de material é autocorretivo, pois evidencia o erro, fazendo com que a criança possa corrigir seu raciocínio e movimentos sem precisar da interferência de um adulto.

2. Os blocos de montar

Já os blocos, também feitos de madeira, são peças de tamanhos e proporções diferentes que compõem um todo. Um exemplo clássico desse modelo de materiais é a Torre Rosa.

Como o próprio nome já diz, para conseguir montar sua torre, cabe à criança achar a ordem correta dos tamanhos dos blocos a fim de empilhá-los. Esse material é composto por diversos cubos, montando torres de tamanhos e complexidades diferentes.

3. As fichas

As fichas introduzem os números e as quantidades correspondentes para crianças já capazes de identificar símbolos alfanuméricos. A atividade engloba cartões numerados de um a 10 e 55 fichas, que são distribuídas conforme o número revelado no cartão.Esse recurso também pode ser empregado para ensinar a diferença entre números pares e ímpares.

4. O material dourado

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Seu objetivo é familiarizar a criança com os conceitos de unidade, dezena e centena, possibilitando o entendimento de operações aritméticas.

É composto pelas seguintes peças: um cubo pequeno, que representa uma unidade, uma barra com dez unidades (dezena), uma placa composta por 100 unidades (ou 10 dezenas) e um cubo grande, composto por 1000 unidades, ou 100 dezenas.

A partir da experiência de ordenação das unidades cúbicas e percepção de sua relação, as crianças aumentam sua capacidade de abstração e de resolução de problemas matemáticos.

5. As barras vermelhas

O sistema de barras vermelhas é formado por dez barras cujo tamanho vai de 10 centímetros a 100 centímetros. A ideia é fazer com que a criança compreenda a hierarquização entre diferentes tamanhos e proporções, conhecimento útil para o aprendizado de aritmética, além da soma e subtração por meio da extensão ou redução de comprimento.

6. A Tábua de Pitágoras e a tábua de furinhos

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A Tábua de Pitágoras é uma tabela (que pode ser feita de madeira) que contém um conjunto de 100 números arranjados de forma específica a apresentar a tabuada. Os números são dispostos conforme a seguinte lógica: para saber quanto é 8 vezes 7, é só procurar o fator oito verticalmente e o sete horizontalmente. O resultado estará na casa, ou espaço, onde eles se encontram.

Esse material é amplamente utilizado na educação, mas na escola Montessori ele ganha um aspecto mais prático, já que a tabela é substituída por uma placa de madeira com 100 furinhos. Cada furinho comporta uma peça correspondente a um número. A criança não só aprende a interpretar a tabela, mas também a construí-la.

Montessori e matemática: os estímulos concretos do ambiente preparado

Como você deve ter percebido, para a metodologia montessoriana, é fundamental a criança aprender os conceitos matemáticos na prática, a partir de objetos e experiências concretas.

Somente assim ela desenvolverá as competências necessárias para compreender abstrações e efetuar operações mentalmente.

Busca-se aquele momento em que o aluno compreende a lógica dos números sem o auxílio dos materiais!

Além disso, o fato de as atividades exigirem o contato direto da criança e a manipulação de objetos, ou seja, a participação ativa, o engajamento, cria o caminho da autonomia e do emprego do raciocínio lógico na resolução de entraves cotidianos.

Montessori acreditava que a interação concreta — e não apenas teórica — da criança com o mundo que a cerca facilita o aprendizado e o desenvolvimento da capacidade cognitiva. Para a educadora e cientista, as mãos sempre foram a porta de entrada do cérebro, que processa estímulos táteis mais rapidamente do que auditivos e visuais.

Na matemática, assim como em outros campos do saber, a proposta da escola Montessori é oferecer estímulos concretos e permitir que a criança interaja com eles. Quanto mais o aluno se engajar com o mundo físico e concreto a seu redor, mais vai desenvolver seu raciocínio lógico, sua capacidade de abstração e de solução de problemas.

Gostou de aprender sobre a relação entre Montessori e matemática? Entende por que a metodologia montessoriana é tão benéfica para o desenvolvimento holístico infantil?

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