O desenvolvimento da escrita no método Montessori

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Hoje, vamos refletir sobre o desenvolvimento da escrita na infância! Para isso, vamos apresentar como as habilidades necessárias ao domínio da escrita são trabalhadas no método Montessori.

Desde já, tenha em mente que, diferente do que faz o ensino tradicional ao incluir na rotina de seus alunos a escrita e a leitura a partir dos seis anos de idade, na escola Montessori, essa introdução é gradual. A lógica é treinar, indiretamente, a coordenação motora fina e a associação entre letras e sons para que a descoberta da escrita ocorra de forma intuitiva.

Reserve um tempinho para nos acompanhar mais uma vez e saiba como a mágica acontece!

1. A mente absorvente e o período sensível

Para Maria Montessori, do nascimento aos seis anos de idade, a criança encontra-se no estágio da mente absorvente. É nesse período que ela aprende sensorialmente a partir de tudo que a rodeia. Em outras palavras: tudo o que seu filho toca, ouve, vê e sente é absorvido como uma referência para que ele construa, aos poucos, sua percepção do mundo.

A partir do primeiro ano de vida, os pequenos já tentam falar e reproduzir os sons que captam dos adultos e do ambiente a seu redor. Já a partir dos três anos, sua percepção passa a englobar os símbolos escritos que estão à sua volta.

É claro que ele ainda não compreende seu significado, mas, aos poucos, vai percebendo sua importância para a comunicação, e vai se abrindo para esse novo mundo.

A partir desse momento, na escola Montessori, começa uma preparação indireta, um treino de cada habilidade individual que ele precisará conciliar para conseguir, mais tarde, compor palavras no quadro, na parede e no papel.

A essa trajetória de aprendizado e evolução, Montessori chamou de escrita espontânea.

2. As regras de nossa linguagem

Você já parou para perceber quantos movimentos inconscientes fazemos antes de escrever? Primeiro, é preciso segurar a caneta ou o lápis de forma adequada, em um equilíbrio entre a força e a delicadeza, depois, precisamos fazer com que a folha de papel, caderno ou livro fiquem fixos enquanto escrevemos.

O Português, como a maioria dos idiomas que nos são familiares, ainda exige uma ordem específica: deve-se escrever da esquerda para a direta, e de cima para baixo. Em nossa forma de escrita, cada letra ou conjunto de letras equivale a um som ou fonema.

Assim, no método Montessori, é essencial que a criança esteja familiarizada com todas essas práticas e requisitos antes de proceder à escrita. É claro que esse conjunto de regras e procedimentos não será despejado sobre os alunos em forma de teoria, mas trabalhado aos poucos, por meio de materiais que engajem todos os sentidos e não somente a visão.

3. A coordenação motora fina

Para que a criança se familiarize com os procedimentos necessários à escrita, sua coordenação motora fina — a habilidade de realizar movimentos precisos com braços, mãos e dedos — deve ser treinada.

É por isso que muitos das atividades realizados em uma sala de aula Montessori treinam o movimento da pinça; aquela posição em que o polegar e o indicador se juntam para a mão segure um objeto pequeno. Dominar essa prática é fundamental para conseguir segurar o lápis e a caneta mais tarde.

Se você acompanha nossos materiais e artigos, já deve saber o quanto o tato é utilizado na metodologia montessoriana. Blocos, cilindros, peças, cubos, varetas e encaixes — a maioria deles de madeira — foram projetados para que a criança treine e fortaleça o uso das mãos.

Trata-se de um refinamento gradual dos sentidos, que passa pelo manuseio de objetos frágeis, como potes de vidro e porcelana, a fim de tornar a criança apta a desenhar as letras mais tarde.

4. A preparação indireta

É nessa preparação indireta que entra a familiarização com o alfabeto. Em Montessori, há vários recursos projetados justamente para fazer essa aproximação.

Um exemplo é o alfabeto de lixa. Nesse material, as letras têm a textura de uma lixa no intuito de que a criança não somente veja, mas também sinta seu formato. Cada letra tem um formato grande e vem anexa a uma base com uma textura lisa, o que facilita a compreensão de cada contorno.

Ao passar os dedos sobre ela e pronunciar seu nome, ela vai simultaneamente associando a escrita e a fala. Exemplos similares são as caixas de areia, na qual as crianças passam a desenhar com a ponta dos dedos cada letra que lhe for apresentada.

Com o alfabeto móvel, aos alunos dão os primeiros passos na junção de vogais e consoantes e na formação de palavras. Para manipular esse material, entretanto, é necessário que ele conheça no mínimo cinco letras.

Esse treino sensorial com o desenho de cada letra e com sua pronúncia é compreendido pela mente absorvente intuitivamente.

5. Palavras no quadro

Depois de ter praticado no Alfabeto Móvel e ter um domínio razoável das letras, sílabas e palavras mais simples, é chegada a hora de a criança proceder à escrita em si.

Geralmente, essa etapa acontece em pequenos quadros negros, nos quais ela escreverá com giz de cera. Esses materiais, é claro, logo darão espaço às folhas de papel e canetas.

A ideia é que nesse momento, a escrita flua mais espontaneamente e com mais tranquilidade do que acontece no ensino tradicional, em que muitas vezes é criado um trauma com a repetição de exercícios aos quais a criança não está habituada.

O que acontece na escola tradicional é que se espera a criança atingir determinada maturidade intelectual antes de introduzir o alfabeto. O problema é que, na maioria das vezes, as habilidades motoras e de associação não foram devidamente treinadas, o que resulta em um processo turbulento e abrupto.

O desenvolvimento da escrita em Montessori

Entenda que na escola Montessoti, não há uma alfabetização precoce, e sim uma preparação do terreno cognitivo para as demandas intelectuais e motoras que virão depois. Essa dinâmica, conhecida como escrita espontânea, torna o processo mais orgânico e natural.

Perceba que, para chegar a esse método de desenvolvimento da escrita, Montessori partiu da criança e de seus mecanismos de aprendizagem. O resultado é uma alfabetização humanizada e agregadora, e não disruptiva.

Ficou com alguma dúvida em relação ao processo de alfabetização em Montessori? Entre em contato conosco. Teremos muita satisfação em compartilhar com você nossos conhecimentos sobre o método.

1 comentário


  1. Amei o artigo! É bem real a questão da escrita espontânea, os pequenos sentem maior segurança ao realizar suas atividades! Tornam-se autônomos sem medo de errar.

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