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Como assim: aluno e criança são diferentes? Vamos analisar sob a perspectiva Montessoriana da infância e do papel da criança.
Maria Montessori, ao analisar o instinto infantil para o trabalho disse:
“A criança é, por natureza, uma trabalhadora, e quando trabalhando de acordo com sua natureza, pode realizar uma grande quantidade de trabalho sem nunca sentir fadiga. Quando trabalha dessa maneira, mostra-se feliz e torna-se curada de certas anomalias psíquicas e, curando-se delas, entra em uma forma de vida mais natural “.
Etimologicamente, o termo criança deriva do latim creare, o mesmo radical de “criação” e “criatividade”. Em contrapartida, a palavra aluno tem o significado de “aquele que foi criado e educado por alguém”.
E o que a gente pode inferir a partir disso? Que o aluno deve ser incentivado a ser criança, isto é, exercer sua criatividade inata com liberdade e espontaneidade.
De forma prática, o que se espera que uma escola faça pelos seus alunos é que proporcione todos os recursos e condições para que a criança desenvolva o seu “criar” e seja protagonista do seu crescimento.
O ambiente Montessori faz uma união entre os significados de aluno e criança, para construir uma aprendizagem que proporcione seus direitos fundamentais, mas sem interferência, para que ela mesma possa criar e exercer sua criatividade com autonomia.
Isto implica na adaptação de todo o ambiente, de forma que as crianças tenham livre acesso aos recursos da escola e, além disso, a atuação dos professores é pautada em instruções e orientações, não em regras rígidas e predefinidas.
As escolas tradicionais tendem a considerar a criança como aluno, ou seja, acreditam que o seu aprendizado e desenvolvimento não está nela própria, mas sim nas informações que recebe de forma pacífica. Isso faz com que as crianças se tornem dependentes e pouco criativas.
Maria Montessori, em sua obra “O segredo da Infância” defendeu que “a criança se esforça para assimilar seu ambiente e, a partir de tais esforços, surge a unidade profunda de sua personalidade. Esse trabalho prolongado e gradual é um processo contínuo pelo qual o espírito entra em posse de seu instrumento. Deve manter continuamente sua soberania por meio de seus instrumentos e força própria, para que o movimento não dê lugar à inércia ou se torne uniforme e mecânico”.
O que podemos concluir é que a criança que não é tratada apenas como um “aluno” e é incentivada a desempenhar atividades de seu próprio interesse e domínio, de forma autônoma, torna-se cheia de alegria, calma e autodisciplina.