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Além de Maria Montessori, outros educadores, filósofos e psicólogos estudaram o fenômeno da aprendizagem infantil e o segmentaram em etapas. Nomes como Jean Piaget, Sigmund Freud, John Dewey, Lev Vygotsky e o brasileiro Paulo Freire estão entre os que mais contribuíram para essa compreensão no século 20.
Entenda, contudo, que essas etapas de aprendizagem e as faixas etárias que as acompanham não são rígidas e imutáveis. Convencionou-se um padrão, mas é claro que o contexto em que a criança cresce influencia seu desenvolvimento emocional e intelectual.
Prossiga com a leitura para saber um pouco mais sobre as etapas de aprendizagem infantil!
Período sensório-motor
Esse período vai até os dois anos de idade. É a etapa em que o bebê descobre os estímulos sensoriais e os movimentos, e começa a desenvolver sua coordenação motora grossa.
O engatinhar e os primeiros passos acontecem nessa etapa, assim como o beliscar, o derrubar, puxar, morder, abrir e fechar. O ser humano, nesse momento, depende completamente do cuidado daqueles que o cercam.
Ainda não há domínio da linguagem, e, portanto, a comunicação não é verbal, dando-se por meio de choro, gritos, balbucios e risadas. Muitos chamam essa fase de fase oral, uma vez que o prazer vem pela via oral, seja comendo, mamando, colocando os dedos do pé na boca. Essas ações serão mais tarde substituídas pelo ímpeto de roer as unhas, cantar, recitar etc.
O que se aprende no período sensório-motor?
Atividades educativas nessa fase incluem toda a sorte de estímulo aos sentidos, como visão, tato, paladar. Neste artigo sobre brincadeiras sensoriais, listamos algumas atividades que você pode realizar com seu pequeno. Exemplos são procurar frutinhas na gelatina e esmagar pingos de tinta com os pés.
O período sensório-motor é essencialmente prático, e a realidade para a criança é concreta e imediata. A noção de espaço é construída nessa fase, antecedendo a percepção do tempo.
Dica: é interessante instalar uma barra de apoio no quarto de seu filho na frente de um
espelho, de forma que ele possa dar os primeiros passos e perceber seus movimentos. Isso o ajudará a criar uma consciência de si mesmo.
Período pré-operatório
Esse período vai até os sete anos e é interpretado por muitos como o mais importante em termos de desenvolvimento cognitivo. Há uma explosão no uso da linguagem e o aperfeiçoamento da coordenação motora fina, que propiciará a capacidade da escrita.
O cérebro nessa fase passa a perceber esquemas simbólicos e a fazer associações entre eles!
Um risco em um papel pode ser um guarda-chuva, assim como uma vassoura pode virar um cavalo na hora da brincadeira. É nessa fase que as crianças se interessam por histórias e, por meio delas, veem seu mundo sendo expandido. Por meio do que veem e do que ouvem, também aprendem a nomear seus sentimentos.
Essa é a fase da birra e do egocentrismo, já que a criança se percebe como o centro do mundo. Dos três aos quatro anos, por exemplo, há um breve período em que ela aprende a dizer não e repete essa palavra para tudo.
No entanto, é aqui que ela começa a interagir mais ativamente com as outras pessoas, cedendo logo à necessidade de socialização, seja com os familiares, seja com os colegas da escola. O superego entra em ação e passa a domar os instintos mais primitivos, permitindo a ela compartilhar, esperar, ajudar e receber ajuda.
O que se aprende no período pré-operatório?
Você se recorda do trecho de O Pequeno Príncipe em que o narrador fala sobre sua experiência com desenhos?
“Certa vez, quando tinha seis anos, vi num livro sobre a Floresta Virgem, “Histórias Vividas”, uma imponente gravura. Representava ela uma jiboia que engolia uma fera […]. Refleti muito então sobre as aventuras da selva, e fiz, com lápis de cor, o meu primeiro desenho. Mostrei minha-obra prima às pessoas grandes e perguntei se o meu desenho lhes fazia medo. Responderam-me: “Por que é que um chapéu faria medo?” Meu desenho não representava um chapéu. Representava uma jiboia digerindo um elefante.”
Pois é, a imaginação voa alto no período pré-operatório, e é especialmente importante estimulá-la da forma adequada.
Os pais devem procurar dar respostas coerentes e verdadeiras a seus filhos, pois eles, a partir desse estímulo, vão aprendendo a argumentar e a correlacionar melhor palavras e pensamentos.
Aqui, a criança aprende a manejar objetos e a se inserir na rotina do lar, isso engloba sentar-se à mesa, conversar, escovar os dentes e se vestir. É o processo de se tornar autônoma e independente. Neste artigo sobre a vida prática, listamos atividades que podem ser feitas com as crianças nessa faixa etária.
As etapas posteriores e suas características
Depois do sensório-motor e do pré-operatório, vêm o operatório concreto (7 a 11 anos) e o operatório formal (11 a 15 anos). Nessas etapas, nas quais não vamos nos aprofundar aqui, o pensamento lógico é dominado e aplicado aos problemas do cotidiano. A capacidade de pensar de forma abstrata é cada vez mais desenvolvida.
A aprendizagem infantil e seu significado para a vida
Como você pôde perceber, o período que vai até os seis anos, ao qual Maria Montessori nomeou como “mente absorvente”, constitui um ponto crucial para o desenvolvimento cognitivo, emocional, motor e social do ser humano.
É o período formativo da personalidade e do senso de identidade, da percepção dos princípios e regras que regem o mundo e a convivência humana. Tudo o que a criança vê, sente, ouve, toca e experimenta passa a fazer parte de seu arcabouço de referências, a partir do qual ela se posiciona como um indivíduo ativo em sua família, escola e, mais tarde, comunidade.
A aprendizagem infantil nessa etapa acontece de forma intuitiva e natural, por meio daquilo que é concreto e imediato. Não se esqueça: a solidez dos primeiros passos vai formar a base para as iniciativas do indivíduo adulto, para sua realização pessoal e profissional.
Quer conhecer, na prática, como a educação Montessori lida com as diferentes etapas da aprendizagem infantil? É fácil. Agende uma visita e venha conversar conosco!