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Para Maria Montessori, cada ser humano conta com um eficiente professor interno nos primeiros anos de vida, o que nos leva a aprender de forma fantástica e sem paralelos. Esse professor está presente em uma fase bem específica de nossa formação, sendo substituído nos estágios posteriores.
Nesse momento inicial, desenvolvemos o que a pedagoga chamou de “mente absorvente”. Talvez você já tenha ouvido falar no conceito. A própria Montessori compôs um livro com esse mesmo nome, a partir de palestras que ministrou na Índia, nas quais explica as fundações e princípios de seu método.
Gostamos muito dessa obra e, por isso, decidimos falar sobre esse conceito que é tão fundamental para a metodologia que embala nossas atividades aqui na escola: a mente absorvente.
Gostaria de entendê-lo? Então siga conosco.
As fases de desenvolvimento
A partir do estudo da Psicologia infantil, Montessori, assim como outros pedagogos e educadores do século 20, percebeu que o desenvolvimento humano se dá em fases. A primeira, que ocorre do nascimento aos seis anos de idade, conhecida como mente absorvente, é subdividida em:
- mente absorvente inconsciente (0 a 3 anos)
- mente absorvente consciente (3 a 6 anos)
Dos seis aos 12 anos temos um período intermediário, que é seguido pela adolescência e pela fase adulta.
A mente absorvente inconsciente
A mente absorvente inconsciente, como você pode imaginar, diz respeito ao estágio em que a criança absorve, mesmo sem saber ou controlar, todas as informações que fazem parte do ambiente a seu redor. Tudo que ela vê, escuta, toca e sente é fonte de estímulo para o cérebro; hábitos, palavras, movimentos, objetos etc.
Aqui, há um agrupamento de referências que, no futuro, ajudarão a formar o caráter e a identidade. A criança percebe o mundo a seu redor e começa a se perceber e a se constituir como parte dele.
A mente absorvente consciente
Já na fase posterior, ou seja, na mente absorvente consciente, a criança não só absorve como também age em resposta aos estímulos absorvidos. Assim, vai desenvolvendo suas capacidades motoras, cognitivas e emocionais e se construindo como ser humano no processo.
A partir dos três anos, a criança passa a processar informações não apenas em termos concretos, mas em abstratos, apesar de que essa habilidade somente vai se desenvolver por completo nos estágios posteriores. É nesse espaço temporal, contudo, que ela aprende a usar a imaginação e a intuição.
A imaginação manifesta-se como a capacidade de visualizar e projetar situações, personagens, acontecimentos para os quais não necessariamente há um correspondente concreto. É esse potencial que ela aprende a dominar.
Um dos combustíveis para essa evolução é a contação de estórias pelos mais velhos, familiares, amigos e professores. Para Montessori, a mente que imagina não é, de forma alguma, passiva, mas ativa, engajada em estabelecer uma ponte entre o mundo real e concreto do dia a dia e as possibilidades de existência.
A aprendizagem da mente absorvente
O principal argumento de Montessori era de que, nesse estágio inicial, a aprendizagem é natural, orgânica e intuitiva.
Apenas por existir, por estar em um ambiente interagindo com pessoas e se engajando em diferentes situações, em contato com o mundo, a mente absorvente aprende. Para ilustrar esse processo, ela cita a aquisição da linguagem.
Independente dos obstáculos ou imperfeições apresentadas pelo ambiente, a criança adquire a linguagem materna perfeitamente. Mesmo que ela venha a ter contato com outro idioma nos anos vindouros, seu domínio nunca será tão completo e profundo quanto o de sua primeira língua.
No entanto, assim que nos tornamos completamente conscientes, que adquirimos uma mente humana, essa capacidade de aprender intuitivamente cessa. À medida que o tempo passa, vamos nos tornando sujeitos mais analíticos e racionais, capazes de abstração, porém calcados na realidade imediata.
A curiosidade que emana da mente absorvente
Você já deve ter ouvido falar que o cérebro de uma criança é como uma “esponja”, certo? Trata-se de uma característica da mente absorvente: absolutamente tudo é absorvido e convertido em informação.
A curiosidade é um traço natural desse estágio de desenvolvimento. A criança vê o mundo e procura formas decodifica-lo. Por vezes, essas iniciativas tomam a forma de perguntas aos adultos, que por sua vez costumam dar respostas prontas, enfadonhas e exaustivas.
Quem nunca ouviu uma criança perguntar “Por que as aves voam e a gente não?”, ou ainda “De onde eu vim?”. Tenha em mente que é por meio de questionamentos como esses que a criança vai se apropriando do mundo ao seu redor.
A revolução na educação
Para Montessori, essa descoberta das fases de desenvolvimento, entre as quais destaca-se a mente absorvente, representou uma revolução na educação.
Isso porque possibilitou a percepção da capacidade criativa infantil sem os preconceitos tão comuns à época. Você se lembra de que, na metodologia montessoriana, o ambiente e os professores são preparados para auxiliar a criança, não porque ela é frágil e incapaz, mas para que ela possa se dar conta de seu potencial e decolar?
Pois é, essa é a lógica por trás da prática escolar.
Aos professores, cabe apenas remover os obstáculos que estão obstruindo o caminho e sua aprendizagem e que podem atrapalhar essa decolagem, ou seja, a realização de seu potencial criativo e intelectual.
Por isso na escola Montessori os educadores são, acima de tudo, grandes observadores. Eles percebem quando uma intervenção é necessária, agindo no momento oportuno e da maneira correta, sem destituir a criança de seu poder intrínseco.
Foi a partir dessa concepção que a criança se tornou a protagonista do processo educativo!
Estamos chegando ao final deste importante artigo, que teve por objetivo esclarecer brevemente o que é a mente absorvente para Montessori e quais são suas características.
Como você pôde perceber, para falar de mente absorvente precisamos falar das fases do desenvolvimento humano, em particular infantil, que vai do nascimento até os seis anos de idade. Quem trabalha com educação infantil sabe que esse momento é bastante significativo, pois é nele que o cérebro começa a absorver e a processar o mundo.
Depois, essa absorção e percepção passa a englobar também a ação e a imaginação!
Achou o conceito de mente absorvente interessante? Então que tal baixar nosso infográfico com cinco atividades educativas para ensinar e divertir as crianças?