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Um dos questionamentos mais comuns entre os papais e mamães que nunca tiveram contato com a educação montessoriana diz respeito à prática docente. Afinal de contas, muitos se perguntam, como pode um educador que teve uma formação tradicional em Pedagogia fazer um trabalho tão distinto?
Como nosso blog é um espaço de aprendizado, sempre procuramos abordar esses pontos de dúvida.
Já falamos aqui sobre o papel do professor Montessori. Hoje, contudo, vamos abordar de forma mais aprofundada o diferencial desse profissional em relação aos educadores do método tradicional. Nosso objetivo é demonstrar o que distingue o processo de formação e a prática em sala de aula nessas duas metodologias.
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O professor tradicional e seu papel em sala de aula
No Brasil, quem deseja atuar com Educação Infantil e Básica deve obrigatoriamente cursar Pedagogia. Assim, iniciamos este conteúdo destacando que o professor Montessori, assim como o professor do ensino tradicional, é um pedagogo por formação.
Depois da graduação, esses profissionais são contratados para atuar na formação de crianças em escolas de todo o país, onde então reproduzem os conceitos e práticas docentes aos quais tiveram acesso na universidade. Como já falamos aqui no blog, esses conceitos e práticas provêm de uma abordagem didática padronizadora, resultante sobretudo do cenário pós-Revolução Industrial e Revolução Francesa europeu.
Sob essa ótica educacional, cunhada ao final do século 18 e início do 19, a criança não é reconhecida em sua individualidade, interesses, ritmo de aprendizagem etc. Pelo contrário, toda sua trajetória escolar é traçada a partir de um roteiro pré-determinado.
Não é esperado dela que inove, que nutra um pensamento crítico, que seja independente e que encontre suas próprias respostas. As turmas são dividas por idade e para cada uma delas é estipulada uma meta: absorver uma quantidade x de conhecimentos por ano letivo.
Estamos falando, como você já deve ter percebido, de uma educação voltada essencialmente a resultados quantitativos, à transferência de conhecimentos e a uma aprendizagem passiva.
O professor, nesse contexto, é um baú de conhecimento, o qual é passado aos alunos por meio de aulas expositivas. Ele está o centro do processo de aprendizagem; sua tarefa principal é falar, enquanto a dos alunos é ouvir. É ele que expõe a teoria, corrige os erros e conduz as crianças e jovens pela mão até o resultado esperado.
A construção de um professor Montessori
O professor Montessori atua sob uma perspectiva bem distinta da tradicional.
Apesar de ter a mesma formação básica em seu currículo, esse educador segue outra trajetória profissional. Se você nos acompanha aqui no blog, já deve saber que a escola Montessori segue os princípios da autoeducação, da educação cósmica e da educação como ciência, do ambiente e do adulto preparado.
Para se considerar um professor Montessori, portanto, ele deve pautar sua prática por esses princípios. E isso demanda tempo e treinamento.
É essencial que ele, por exemplo, seja capacitado no método Montessori. Essa capacitação se dá por cursos de treinamento e aperfeiçoamento, como aqueles regularizados pela MACTE (Montessori Accreditation Council for Teacher Education http://www.macte.org/ ).
Nesses cursos, o profissional aprenderá a enxergar o processo de aprendizagem infantil sob a perspectiva da metodologia criada por Maria Montessori. Isso significa que ele passará a enxergar a educação de forma holística, não mais vendo somente a formação intelectual como responsabilidade da escola, mas também o desenvolvimento motor, social e emocional.
Mas, para além dessa formação teórica, é preciso que ele desenvolva um perfil específico de atuação. Ele precisa ver e praticar a educação de forma holística, nutrir em si mesmo uma postura científica em relação a ela, treinando suas habilidades de observação e interpretação.
Isso ocorrerá ao longo do treinamento, com estágios supervisionados e imersões em práticas. Chamamos a capacitação desse profissional de construção, porque, no final, é disso mesmo que se trata: de uma gradual mudança na forma de ver e fazer educação.
O papel do professor na escola Montessori
Diferente do ensino tradicional, na metodologia montessoriana, o professor não é a fonte de todo o conhecimento. Ele não leva a criança pela mão aonde acha que ela deve chegar, mas auxilia na trajetória que ela mesma vai criando à medida que testa seu potencial e descobre suas preferências.
O aluno é o protagonista, uma vez que a escola Montessori segue o princípio da autoeducação. Ao professor, cabe o papel de guia, de facilitador da construção de conhecimentos e vivências.
Por ter lido os livros deixados por Montessori, como A Mente Absorvente, por exemplo, ele compreende o processo de aprendizagem. Além disso, ele se posiciona como um adulto preparado para perceber os desafios de seus alunos e elaborar a melhor forma de ajudar a superá-los.
Na sala de aula montessoriana, não há uma padronização do que se espera do aluno. O professor está lá para garantir que cada indivíduo se desenvolva ao máximo, sem, contudo, limitar o potencial, a criatividade e as preferências pessoais.
Pelo contrário: à criança, são dados os instrumentos adequados para que exercite sua criatividade, curiosidade, autonomia, capacidade crítica, motora e habilidades sociais.
Com esse constante aperfeiçoamento teórico e prático, o professor torna-se, antes de tudo, um grande conhecedor das necessidades infantis e estudioso da natureza humana. Ele atua de maneira responsável, está aberto a ouvir as crianças, a auxiliá-las e a engajá-las na manutenção da organização do espaço físico.
A prática docente Montessori deve ajudar as crianças a encontrarem paz e equilíbrio internos, externando isso para o mundo depois. A essa dinâmica chamamos de educação para a paz!
Ela cria uma harmonia entre o adulto preparado e o ambiente preparado, ambos servindo de suporte para a ascensão da criança.
Os princípios que regem a atuação do professor em Montessori
Para finalizar nosso conteúdo, gostaríamos de ressaltar algumas orientações deixadas por Montessori no que tange a relação professor-aluno. O professor deve:
- respeitar a criança em todas as ocasiões;
- estar sempre pronto a ouvi-la;
- ajudar aquelas que estão à procura de uma atividade;
- agir com assertividade ao perceber comportamentos nocivos ao ambiente ou a outras crianças;
- demonstrar o manuseio correto dos materiais sensoriais e objetos que compõem o ambiente.
O professor não deve:
- tocar no aluno, a menos que seja convidado por ele;
- falar mal da criança;
Essas são alguns direcionamentos seguidos pelo professor Montessori no ambiente preparado. Gostaria de descobrir mais sobre o método? Que tal baixar nosso e-book Escola Montessori: tudo o que você precisa saber? https://conteudo.escolainfantilmontessori.com.br/e-book-montessori-tudo-que-voce-precisa-saber