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A metodologia Montessori foi criada na Itália no início do século passado, sendo difundida globalmente a partir da década de 1940. Hoje, está presente em milhares de instituições, da pré-escola ao Ensino Médio, fazendo parte da formação de muitos jovens brasileiros.
Mas como essa forma de educar pode auxiliar o desenvolvimento cognitivo de seu filho em pleno século 21? Que instrumentos ela fornece para que as crianças explorem seu potencial e construam seu conhecimento?
Nossa intenção aqui é justamente responder esses questionamentos, elucidando as dúvidas e as verdades em torno da proposta montessoriana. Acompanhe!
O diferencial da metodologia Montessori
Quando falamos em “metodologia Montessori”, estamos nos referindo a um conjunto de práticas, recursos e teorias idealizadas por Maria Montessori para viabilizar a aprendizagem infantil. Mas qual é a proposta dessa abordagem? Bem, educar crianças e jovens mais seguros de si, equilibrados, capazes não só de fazer escolhas, mas também de responder por elas.
Para que isso aconteça, a metodologia é norteada por seis princípios:
- Autoeducação
- Educação como ciência
- Educação cósmica
- Ambiente preparado
- Adulto preparado
- Criança equilibrada
Dúvida: por ter sido idealizada no século 20, essa forma de educar não está ultrapassada?
A escola Montessori busca formar jovens proativos, que não esperam “que alguém faça por eles”, mas que elaboram as próprias soluções para os obstáculos cotidianos. Essas são justamente as características necessárias para lidar com os desafios contemporâneos!
Na verdade, são os modelos essencialmente mnemônicos (relativos à memória) da metodologia convencional — focados na memorização passiva de conteúdo — que estão perdendo credibilidade.
A autoeducação e a evolução cognitiva
A escola montessoriana parte da ideia de que a educação formal precisa se adequar ao ritmo evolutivo do aluno, e não o contrário, como costuma ocorrer no ensino tradicional. No método Montessori, a criança vai do mais simples ao mais complexo à medida que seus processos cognitivos amadurecem, natural e intuitivamente.
Os pequenos assumem um papel ativo frente à própria aprendizagem, ou seja, eles são os protagonistas do processo educativo. Eles não absorvem conhecimento passivamente, mas o constroem a partir de sua percepção e interação com o mundo.
A criança se “autoeduca” ao lidar com o ambiente ao seu redor, explorando, testando e se dedicando aos estímulos que despertam seu interesse. Como você verá a seguir, isso se dá pela forma com que a sala de aula é organizada e pelo papel que o professor desempenha.
Dúvida: não há divisão por disciplinas na proposta montessoriana. Assim, como os alunos não adquirem os conhecimentos básicos que os estudantes de outras escolas oferecem?
No Ensino Fundamental e Médio, há sim as tradicionais disciplinas, mas os conceitos são trabalhados de forma transversal e interdisciplinar. Assim, uma única questão pode envolver conhecimentos de geometria, música e história. Essa abordagem reflete de forma mais realística os conhecimentos humanos, que não funcionam de forma isolada, mas que se inter-relacionam e dialogam o tempo todo.
A educação cósmica e a educação como ciência
Por educação cósmica, devemos entender que o ensino é focado na relação harmônica entre indivíduo, natureza e sociedade. Há uma abordagem holística e integrada a respeito do ser humano no universo.
Já educação como ciência pressupõe que o ensino deve ter uma abordagem científica, com base nos estágios de desenvolvimento cognitivo infantil. Os professores, por exemplo, devem observar e perceber o que funciona melhor (qual ritmo, abordagem, estímulos) para cada criança.
O ambiente preparado para a aprendizagem
Na metodologia Montessori, as salas de aula são ambientes estimulantes e interativos. Nelas, as crianças se movimentam livremente e escolhem os materiais lúdicos nos quais desejam focar sua atenção. Há incentivo para colaboração e atividades em grupo, inclusive entre crianças de diferentes faixas etárias.
Todos os recursos ficam ao alcance dos pequenos, organizados em prateleiras e estantes que progridem do mais concreto ao mais abstrato.
Vale ressaltar que muitos dos recursos multissensoriais foram projetados pela própria Maria Montessori — que atuou na área de Psiquiatria infantil antes de se dedicar exclusivamente à educação —, e abordam simultaneamente mais de um aspecto do desenvolvimento cognitivo: motor; visual; auditivo etc.
Dúvida: as crianças não precisam ser direcionadas e disciplinadas para progredir?
A educação montessoriana reconhece que as crianças têm um potencial evolutivo enorme e progridem de acordo com o seu ritmo de aprendizagem, sem imposições ou padronização. Não há disciplina, mas há autodisciplina, com responsabilidade para lidar com a liberdade.
O adulto preparado e o papel do educador
No ambiente montessoriano, o professor exerce o papel de guia, de observador. Ele fornece à criança os subsídios necessários para que ela execute as atividades que mais despertam seu interesse. Sua tarefa é perceber como ela interage com os recursos disponibilizados e com o ambiente, como ela escolhe e completa seus projetos.
Esse guia é o responsável por investigar caso uma criança permaneça estagnada, sem passar para uma lição/tarefa mais complexa, ou não consiga decidir qual material escolher. É também ele quem zela pela organização do ambiente, cuidando para que as crianças devolvam os materiais ao seu lugar de origem ao finalizar uma atividade.
Dúvida: jovens provindos da educação montessoriana passam no vestibular, mesmo sem aprender a decorar conceitos e fórmulas?
Na educação montessoriana, a memorização é, de fato, apenas uma das habilidades trabalhadas. A partir do Ensino Fundamental, entretanto, e especialmente no Médio, os jovens aprendem os conceitos cobrados no vestibular, como em uma escola tradicional. Porém, por estarem habituados a aprender de forma interdisciplinar, apresentam chances substanciais de performar melhor em exames que cobram o uso de múltiplas habilidades — raciocínio lógico, interpretação e análise crítica — como o ENEM.
A criança equilibrada e o estado de graça
Como mencionamos, o objetivo da educação montessoriana é formar indivíduos criativos e seguros das próprias escolhas. Quando uma criança é incentivada a formular seu próprio conhecimento, tem suas escolhas respeitadas, suas necessidades supridas e sua energia canalizada para ações construtivas, ela se torna um ser humano equilibrado, empático e generoso.
Assim, a metodologia Montessori busca essencialmente esse estado de equilíbrio e graça. Para isso, todos os princípios — a autoeducação, a educação cósmica e como ciência, o adulto e o ambiente preparado — devem funcionar em sintonia.
Conseguimos sanar suas dúvidas sobre a metodologia Montessori? Deixe aqui seu comentário e nos conte sobre suas expectativas para a educação de seu filho!