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Quando criança, você subia em árvores, brincava de pular cordas, de elástico, de amarelinha, de pique-esconde e gato-mia? Essas atividades marcaram a infância de grande parte dos brasileiros até meados da década de 1990, quando houve a popularização da internet e dos computadores pessoais.
Hoje, as crianças crescem e amadurecem num cenário infinitamente mais tecnológico, o que traz incontáveis vantagens, mas também profundas desvantagens. É o caso do uso de eletrônicos na infância e da exposição dos pequenos às telas hipnotizantes de tablets, TVs, smartphones e computadores.
Como competir com a avalanche de atrações coloridas que chega por meio desses aparelhos, sempre a um toque de distância? Como reduzir o apelo dos eletrônicos? É o que vamos debater no artigo de hoje.
Tenha uma boa e proveitosa leitura!
Seja o exemplo
Toda criança imita os pais, isso não é novidade para ninguém. Se você passa horas nas redes sociais e mais horas conferindo as notificações que chegam em seu celular, não há como esperar que seu filho aja de maneira diferente.
Então, antes de educá-lo sobre a tecnologia, eduque a si mesmo, pois uma ação vale mais do que mil palavras.
Além do mais, nossos filhos espelham nossos exemplos de conduta, então tudo o que fazemos é absorvido por eles como um tipo de ensinamento. Portanto, reflita: “Qual tipo de lição você está passando em relação à tecnologia?”
Tenha em mente que as crianças são experts em perceber discursos e comportamentos incoerentes. Então não adianta pregar o desapego aos eletrônicos na infância se você não o pratica em seu dia a dia.
Dedique tempo a seu filho
Em inglês, há uma expressão bastante útil para falar desse ponto: “quality time”, que pode ser traduzido literalmente como “tempo de qualidade”, ou “tempo valoroso”. Estamos falando daqueles momentos em que você está engajado em uma atividade agregadora e divertida, com família ou amigos.
Em vez de apenas recorrer a comandos como “Largue o tablet!” ou “Saia da frente da TV!”, você pode passar um tempo valoroso com seu pequeno, realizando atividades que o estimulem intelectual, social e emocionalmente.
Um piquenique, um desenho, uma contação de história ou até jogar bola no playground do prédio; são atividades práticas que ajudarão seu filho a interagir mais com o mundo e menos com as telas.
Programe atividades em família e ao ar livre
E falando em piqueniques, atividades ao ar livre são essenciais para o desenvolvimento saudável de toda criança, pois auxiliam no desenvolvimento da coordenação motora e na construção de uma relação harmônica com a natureza.
Se seu filho está crescendo num contexto em que usar aparelhos eletrônicos a todo momento é algo natural e normalizado, talvez apresente alguma resistência no início, mas certamente uma vez que tiver experimentado brincadeiras ao ar livre vai passar a valorizá-las. Especialmente se vocês as realizarem juntos e se a experiência for positiva.
Além das atividades ao ar livre, os momentos em família também devem ser valorizados. As horas de almoço e de jantar, por exemplo, são momentos em que os membros da família podem desfrutar da companhia um do outro. Certamente seu filho vai gostar de ser perguntado sobre seu dia na escola, e ficará interessado no que você tem para compartilhar.
Então, em vez de gastar esse precioso momento para ficar checando o celular, utilize-o para estimular a conversa e a troca de experiências. Você pode, inclusive, fazer dessa dinâmica um jogo, no qual todos têm que compartilhar um episódio do dia.
Reduza o uso de eletrônicos a horários específicos
A internet e a conectividade que ela proporciona existem, não adianta ignorar esse fato. O segredo é aprender a conviver com ela de forma saudável. Não se deixe escravizar pelos anúncios e recursos das redes sociais e pelo brilho da tela de seu celular, mas aprenda a utilizar esses recursos a seu favor.
Você pode estabelecer para você e para seu filho horários específicos para o uso de recursos eletrônicos. Elabore, com a ajuda dele, um planejamento e tente limitar o uso dos eletrônicos a esse cronograma previamente combinado.
Por exemplo, uma hora por dia ao final da tarde, ou no início da noite. É claro que, à medida que ele for crescendo, terá programas preferidos e horários mais definidos de utilização, mas ainda assim é possível reduzir o tempo de uso dos eletrônicos na infância com a estipulação de horários.
Encontre um equilíbrio entre o real e o virtual
Até aproximadamente os dois anos, seu filho não saberá distinguir o virtual do real, pois a compreensão abstrata do mundo ainda está sendo construída em seu aparato cognitivo. Então, esteja por perto para explicar a diferença de uma imagem e do mundo real.
Ajude-o a associar o mundo virtual a experiências concretas que ele teve/tem em seu dia a dia, como palavras, músicas, danças, brinquedos e interações com os familiares. É importante que ele entenda o virtual a partir das experiências reais, e não o contrário.
Além disso, dê preferência a programas e passatempos que o engajem ativamente, seja colorindo, montando, tocando em vez de apenas ficar apenas assistindo. Os eletrônicos na infância podem e devem ter um apelo educativo.
A postura passiva que a TV encoraja é o que mais deve ser evitado.
Eletrônicos na infância: um fenômeno a ser compreendido
A presença da tecnologia em nossas vidas é um fenômeno ainda não totalmente compreendido, e o uso de eletrônicos na infância se encaixa nesse perfil. Por isso, novos estudos são feitos a cada ano, chegando a conclusões por vezes contraditórias sobre os benefícios e os malefícios que seu uso traz.
O que é fundamental combater é a postura passiva que as crianças muitas vezes assumem frente a esses recursos, bem como a falta de autocontrole, cujo exemplo muitas vezes vem dos próprios pais.
Portanto, passe mais tempo de qualidade com seu filho, ouça-o e seja ouvido, dê o exemplo e priorize atividades ao ar livre, bem como momentos em família.
Quer conhecer cinco atividades educativas que têm o potencial de engajar seu filho de forma construtiva? Então baixe nosso infográfico “5 atividades educativas para ensinar e divertir as crianças” e comece a praticá-las com seu pequenos.