Neurociência e Montessori: como descobertas recentes apoiam a metodologia?

Tempo de leitura: 6 minutos

Todos os pais desejam auxiliar os filhos em sua jornada, afinal de contas, eles sabem que o desenvolvimento humano é um processo desafiador, cheio de desvios, atalhos, retrocessos e obstáculos. Para trilhá-lo com segurança, é preciso adquirir uma postura resiliente, autônoma, flexível e perseverante.

Poucos sabem, entretanto, o que diz a Neurociência a respeito do desenvolvimento cognitivo infantil, e como ele pode ser incentivado. É por isso que resolvemos falar sobre a relação entre Neurociência e Montessori. Exploraremos como os avanços nesse campo científico embasam o método montessoriano e atestam o pioneirismo de Maria Montessori.

Prossiga com a leitura e você perceberá o potencial que essa metodologia tem para auxiliar o desenvolvimento de seu filho!

A plasticidade cerebral

De acordo com o livro “A Mente Absorvente” (1949), os primeiros seis anos de vida são cruciais para o desenvolvimento infantil, pois nessa fase todas as informações e estímulos são absorvidos pela mente. Não é a toa que ouvimos com frequência que o cérebro da criança “é como uma esponja”; tudo que chega até ele vira um instrumento de construção de conhecimento.

Na Neurociência, o termo utilizado para descrever esse fenômeno é “plasticidade”.  No período crítico, que é justamente a fase descrita por Montessori como “absorvente”, as estruturas cerebrais são tão flexíveis, ou plásticas, que podem ser completamente alteradas por meio do contato com o mundo.

O mero fato de frequentar um lugar demasiadamente colorido e barulhento, ou monocromático e relaxante, por exemplo, pode impactar a forma com que seu filho perceberá e responderá aos estímulos sonoros e visuais ao longo dos anos. Essa dinâmica também está presente na aquisição da linguagem, que se dá à medida que o bebê ouve e vê os familiares conversando à sua volta.

Os neurônios-espelho

Recentemente, os neurônios-espelho têm sido estudados nos seres humanos e em outras espécies animais. Essas células nervosas estão localizadas no lóbulo frontal e são ativadas quando observamos alguém realizar uma ação, a qual somos compelidos a imitar.

Acredita-se que essas células têm um impacto importante no aprendizado por observação e imitação, bem como na aquisição de novas habilidades. Aprendemos pelo exemplo, bem como pela experiência.

Partindo dessa lógica, a sala de aula Montessori é um observatório e um ambiente de aprendizagem riquíssimo, especialmente se levarmos em conta a disposição dos materiais em prateleiras baixas e as turmas multi-idade, na qual os próprios alunos servem de tutores para os mais novos.

A conexão entre movimento e aprendizagem

Vamos lembrar, aqui, o quanto a livre movimentação da criança foi defendida por Montessori. É por meio do contato — sem intermediação adulta — com o ambiente preparado que a criança descobre o mundo e a si mesma.

Hoje, entende-se que a movimentação aguça não só a consciência motora, mas também a capacidade de raciocínio. O ato de engatinhar, por exemplo, ou de segurar um objeto e ficar de pé pelas primeiras vezes, significa, além de uma evolução motora, também um ganho na esfera cognitiva. Essas ações ajudam no entendimento acerca das dimensões espaciais — profundidade, altura e largura — e aumentam a densidade das conexões neurais.

É por isso que a verdadeira aprendizagem não corresponde a uma absorção passiva de estímulos. Pelo contrário, trata-se de um processo de construção interna e individual, que vai se aperfeiçoando por meio do contato com estímulos externos.

A relação entre as mãos e o cérebro

Se você já foi a uma escola montessoriana, sabe que a interação com o ambiente ocorre majoritariamente pelo sentido do tato; todas as atividades e objetos requerem o toque da criança. As mãos, para Montessori, funcionavam como uma porta de entrada para que as informações chegassem ao cérebro e fossem armazenadas.

Todos os materiais que fazem parte de nosso dia a dia aqui na escola — a torre rosa, o alfabeto móvel e os blocos de cilindro — foram projetados a partir dessa lógica. Com eles, o cérebro infantil passa a criar modelos ou templates, facilitando, assim, o engajamento em novas e mais complexas experiências.  

Esses materiais favorecem uma evolução cognitiva mais rápida e autoconsciente, pois são autocorretivos. Isso significa que, com eles, os alunos percebem os próprios erros e podem tentar outra abordagem. Tudo leva à autonomia.

Além disso, por serem multissensoriais, esses materiais estimulam a ativação de mais de um gatilho cerebral por vez. Aprender a ler, por exemplo, é uma atividade que demanda três habilidades: perceber símbolos; decodificá-los; e associá-los a sons específicos. Com o alfabeto móvel, essas funções cerebrais são ativadas simultaneamente, resultando em um domínio mais completo da leitura.   

O incentivo à colaboração

Muitos acreditam que o método montessoriano reforça o individualismo, já que à criança é dada a opção de se ocupar da atividade que mais desperta seu interesse. No entanto, ocorre justamente o contrário. O incentivo à colaboração entre alunos de diferentes faixas etárias é um dos aspectos mais fascinantes da metodologia.

Estudo recentes mostram que esse tipo de aprendizado colaborativo entre os pequenos traz benefícios ao próprio processo de maturação emocional, resultando na aquisição de habilidades sociais e comportamentais. O entendimento e processamento das emoções é impactado positivamente e os alunos vão aprendendo organicamente a lidar com questões de convívio.

É interessante notar que Maria Montessori era uma cientista, além de uma educadora.

Sua abordagem da educação foi calcada em extensa observação do aprendizado infantil. Todas as suas teorias, recursos e práticas provêm de sua experiência nas creches e escolas infantis italianas da época. Como consequência, seu método leva a criança a se desenvolver de forma holística e intuitiva.

Neurociência e Montessori: o pioneirismo da metodologia

Por meio de estudos atuais, fica claro que Maria Montessori foi pioneira em todas as abordagens que propôs! Mesmo sem o aparato tecnológico e científico que nos é tão familiar hoje, a educadora conseguiu, por meio da observação sistemática da criança, perceber as necessidades infantis.

O resultado dessa dedicação à infância é a eficácia comprovada de seu método. Por isso é tão interessante unir os temas Neurociência e Montessori; percebe-se o quanto as técnicas da metodologia montessoriana têm respaldo científico.

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1 comentário


  1. Aprendizado para a vida,
    Para todos aqueles que acreditam que, através da autonomia e do respeito
    nossas crianças, serão seres livres e completos.

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