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O poeta inglês Oscar Wilde acreditava que “é através da arte, e só pela arte, que podemos realizar-nos na perfeição”, ao passo que ao pintor espanhol Pablo Picasso é atribuída a afirmação de que “a arte limpa da nossa alma a poeira do dia a dia”.
Mais do que fazer parte de nosso cotidiano e elevar nosso espírito, a arte está presente em todas as fases de nossa vida.
A arte na educação dá à criança a habilidade de converter suas emoções, pensamentos e ideias em criações diversas, favorecendo, assim, o autoconhecimento e expressão. Essa dinâmica é seminal para o desenvolvimento do pensamento abstrato e da percepção dos elementos que compõem o mundo ao nosso redor.
É por isso que a relação entre Montessori e arte é nosso objeto de estudo de hoje! Sentindo-se inspirada para começar? Vamos lá!
A relação entre Montessori e arte
Como você já deve saber, na educação infantil Montessori, as crianças não aprendem passivamente, mas de forma ativa, protagonista e engajada. Se você visitar nossa escola, verá crianças de diferentes faixas etárias trabalhando com uma variedade de materiais sensoriais, engajadas em atividades práticas e interagindo umas com as outras.
A fase da mente absorvente, que vai até os seis anos de idade, conforme identificou Maria Montessori, é um período fértil para a absorção de estímulos sensoriais. Por isso, todos os materiais montessorianos exigem o toque, além da percepção visual.
Pesos e medias, formatos, texturas e proporções, cores, cheiros e sabores fazem parte desse aprendizado que, como você pode deduzir, vai muito além da teoria. Na verdade, todos esses estímulos são as sementes do que mais tarde ajudarão a desabrochar a preferência e a execução artística.
Por isso, podemos dizer que em Montessori a arte faz parte do cotidiano das crianças. Inicialmente isso se dá de forma concreta, com os blocos rosas, os bastões e tabelas coloridos, mas, à medida que os alunos vão amadurecendo seu aparato cognitivo, de maneira cada vez mais sutil e abstrata.
A arte e a criatividade na educação
Essa interação concreta que nossos alunos têm com elementos artísticos lhes dá oportunidades de exercitarem sua criatividade. E isso acontece de acordo com seus interesses, já que, lembre-se, eles são livres para escolher as atividades com as quais querem se envolver.
Segundo o educador e consultor educativo britânico Sir Ken Robinson, toda criança é naturalmente artista. Todas elas possuem o ímpeto de se expressar artisticamente sobre o mundo, de criar algo inusitado, de inovar. Durante sua famosa palestra na plataforma TED Talks em 2006, o educador, contudo, alerta que essa capacidade vai sendo minada pela educação tradicional ao longo dos anos.
Em Montessori, contudo, o que fazemos é dar à criança os instrumentos para que essa tendência natural possa aflorar e que ela possa desenvolver as habilidades necessárias à vida!
A arte e a sociabilidade
Outro aspecto que vale a pena mencionar é a relação entre a arte na infância e o desenvolvimento da sociabilidade e da empatia. Como em uma sala de aula Montessori as crianças executam suas atividades coletivamente, não necessariamente ao mesmo tempo e em conjunto, mas sempre na companhia dos colegas, elas se conscientizam de que não há um único modo de pintar, moldar, desenhar, contornar, dançar etc.
A arte traz essa percepção do “outro” e introduz aos pequenos o conceito de empatia. Com certeza, se duas crianças desenharem um peixe, o resultado final vai ser distinto. Isso porque cada um entende o mundo e se expressa sobre ele de uma forma, sem que necessariamente haja um modo certo e um errado.
Essa diversidade, tão presente na vida adulta, é a arte que ajuda a compreender!
O contato da criança com a arte
Tenha em mente que o contato com o que a humanidade já produziu artisticamente não precisa ser enfadonho. Na verdade, ele deve ser leve e envolvente, fazer parte da rotina da casa. Lembre-se de os pais são os modelos de conduta que inspiram os filhos.
Como mencionamos no artigo sobre música e Montessori, a arte pode fazer parte da vida do bebê desde sua gestação. A música favorece o desenvolvimento cognitivo dos pequenos, por exemplo, podendo inclusive marcar rituais específicos de seu dia a dia, como dormir e brincar.
Com as outras formas de expressão artística, o mesmo acontece. Na escola e em casa, é possível criar oportunidades de contato entre seu filho e as pinturas, por exemplo, produzidas por grandes mestres, como Renoir, Picasso e Matisse. O mesmo se dá com teatro, literatura e cinema.
No entanto, esse contato não deve ser forçado ou imposto. Tudo bem se seu filho não demonstrar interesse pelas músicas e pinturas que você selecionou. Talvez seja apenas uma fase, talvez você tenha se equivocado na escolha, talvez ele venha a se interessar por dança ou por outras formas arte que você ainda não percebeu.
Converse com ele abertamente e busque compreender suas preferências, respeitando-as. Assim, ele verá a arte como uma fonte de diálogo e de divertimento!
A arte e o desenvolvimento holístico
Como você já deve ter percebido, estamos sempre abordando diferentes facetas da existência humana e as associando à metodologia Montessori. Já falamos, aqui no blog, sobre memorização, matemática, alimentação e agora arte.
Isso porque o modelo de educação tal qual idealizado por Maria Montessori é holístico. Montessori não pensou em um método para fazer com que as crianças memorizassem com maior facilidade, ou fossem mais velozes ao responder questões matemáticas, mas sim em propiciar o crescimento e o amadurecimento integral do ser humano.
Aqui na escola, não estamos interessados apenas em incentivar o desenvolvimento intelectual de nossos alunos, mas em trabalhar para seu desenvolvimento holístico. Queremos que eles se tornem indivíduos felizes, equilibrados e realizados em seu potencial.
Assim, a arte e o exercício da criatividade, da sociabilidade e da empatia são parte intrínseca ao nosso cotidiano. Na educação Montessori é assim: a criança não apenas aprende sobre arte, ela vive a arte em suas mais variadas formas.
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